Os Federais, bateria da Atlética de Direito da Universidade Federal do Paraná, sentiu o gosto do primeiro lugar no Desafio de Baterias do 12º Jogos Jurídicos Paranaense, que ocorreu no final de maio. Subir ao pódio não foi apenas a realização dos ritmistas, eles destacam que nesta edição aproveitaram muito mais a diversão de apresentarem algo que passaram meses estudando e ensaiando.
O Integraê conversou com um dos ritmistas da bateria campeã, Luis Renan Coletti, sobre como foi para Os Federais participar e vencer o 6º Desafio de Baterias do JJPR.
INTEGRAÊ: Pela primeira vez, em 12 anos de história, a bateria representante da Universidade Federal do Paraná conquista o título no Desafio de Baterias do Jogos Jurídicos Paranaense. Como foi para vocês receberem o troféu de Bateria Campeã?
RENAN: A Bateria Os Federais tem 16 anos de existência (e de legado!), sendo os últimos 5 deles contando com a minha participação e empenho. Participamos de absolutamente todas as edições do Desafio do JJPR, desde 2011, bem como auxiliamos a fundação de outro desafio universitário, o Curitibatuque; mas nunca na nossa história havíamos sido campeões de qualquer evento sequer. Sempre batíamos na trave.
Em nosso grupo de ritmistas, temos pessoas que tocam desde 2011, 2012 e pode-se imaginar o que representou para nós o Desafio do JJPR 2016: são anos de empenho e companheirismo que finalmente resultaram naquilo que há tempos buscávamos. Teve choro (até de quem não é da Bateria), muitos sorrisos, e até tombo na hora de receber o troféu…
INTEGRAÊ: Quais são os motivos que você acredita que foram decisivos para a conquista do 1º lugar entre as baterias participantes?
RENAN: Em um torneio tão competitivo como o Desafio do JJPR, tudo é relevante: afinação, disposição entre naipes de instrumentos, ritmo, bossas e breques… mas algo que costumávamos esquecer, no meio de tanta responsabilidade em tocar certo e vontade de levantar o troféu, era de nos divertirmos. E não tenho dúvidas que esse realmente foi um diferencial nosso: não tocamos com as duas toneladas nas costas da Bateria que quer ser ‘A’ campeã, ‘A’ melhor; mas sim como aquela que foi até Cascavel para se divertir enquanto mostrava o produto de toda a sua dedicação, independentemente de qualquer resultado.
Além disso, é relevante dizer que uma Bateria, antes de mais nada, é um grupo. Em um conjunto, muito mais relevante do que uma ou algumas peças excelentes, é o equilíbrio como um todo, com cada elemento cumprindo seu papel. Há um bom tempo a Bateria Os Federais conseguiu implantar essa ideia, abraçando o Projeto de fazer um bom trabalho e dedicando boa parte do seu empenho e dedicação em prol desse objetivo.
INTEGRAÊ: Você vê um aumento no nível da competição desde as primeiras edições do Desafio?
RENAN: Sem dúvidas. Participo do Desafio do JJPR desde 2012 – em sua segunda edição – e é inegável a evolução das Baterias desde então. Sabemos da dificuldade que é produzir Samba (com S maiúsculo) no cenário paranaense, em um ambiente que quase todo o aprendizado tem de ser autodidata; em que a própria realização de competições e torneios universitários tem relevância ímpar para a melhora da qualidade das Baterias Universitárias daqui.
Ainda temos muito o que desenvolver para chegarmos no nível das maiores baterias universitárias do Brasil, mas sem dúvida estamos no caminho, e muito em breve vamos incomodar.
INTEGRAÊ: Como foi a preparação dos ritmistas dos Federais para este Desafio?
RENAN: Com muito ensaio e disciplina, sabendo que simplesmente não existe segredo ou atalho. Se o objetivo era de fato realizarmos a apresentação que tanto desejávamos e representar nossa bandeira da melhor forma possível nos 540 segundos de Desafio, não havia alternativa: era com bolhas nos dedos, longos ensaios e muita dedicação.
Todavia, nesta edição do Desafio, buscamos nos preparar de uma forma relativamente diferente, focando nos fundamentos específicos e na execução das levadas de cada naipe de instrumento, com muitos ensaios específicos para aperfeiçoar os movimentos de cada ‘setor’ da Bateria. Nisso parabenizo, ao mesmo tempo que agradeço, nossa Mestre, Carolina Ferreira Alves, que foi de uma incansável dedicação para que nossa execução saísse da melhor forma possível!
INTEGRAÊ: Além do troféu geral, vocês também conquistaram cinco Estandartes de Ouro do Desafio de Bateria do JJPR 2016. Como é para a Bateria ter entre seus ritmistas boa parte dos melhores naipes de todo o Desafio?
RENAN: As premiações individuais são resultado de todo trabalho específico do qual tratava na questão anterior. Os treinos de cada naipe de instrumento nos permitem verificar exatamente onde cada ritmista erra, bem como corrigir tais possíveis erros com maior facilidade.
Eu, pessoalmente, vejo as baterias universitárias locais muito focadas em produzir ‘paradinhas’ extremamente complexas, com incontáveis de quebras de compasso; porém esquecendo do básico: a sustentação do ritmo, o movimento acertado de cada ritmista. Qualquer bateria que almejar uma apresentação de qualidade deve atentar para certos fundamentos básicos, como um naipe de tamborins com boa postura e tocando um carreteiro audível, naipe de surdos tocando com firmeza (mas, ao mesmo tempo, sem tocar com uma força desproporcionalmente grande), em um andamento/cadência razoável; e por aí vai. São coisas básicas, fundamentais para o desenvolvimento individual de cada naipe, que por muitas vezes são esquecidas.
INTEGRAÊ: Um dos Estandartes de Ouro foi o seu, de melhores repiniques. Como foi para você receber esse título?
RENAN: Nesse ano, buscamos inovar no naipe de repiniques, introduzindo o repinique Mor na nossa Bateria. Trata-se de um instrumento com a mesma função do repinique normal (puxando a bateria e segurando seu andamento, portanto), porém maior (14 polegadas, em vez de 12) e bem mais alongado. A sua levada é diferente daquela do repinique padrão e tem como resultado um som global mais encorpado, grave.
Tive a oportunidade de tocar esse instrumento ao lado do Caio Marcellos Bezerra, a quem agradeço e compartilho o Estandarte. Tanto eu como ele fomos mestres da Bateria Os Federais por algum tempo, e posso dizer que não me recordo de ter formado uma dupla tão qualificada em lugar algum que toquei.
INTEGRAÊ: O que esperam para as próximas edições?
RENAN: Quanto ao evento, em geral, nossa expectativa é que seja cada vez de maior qualidade e mais competitivo. O Samba, no Paraná, deve muito à sua vertente universitária, e é de extrema satisfação ver as baterias cada vez mais qualificadas, compondo Escolas de Samba locais, fomentando a prática do samba e ganhando espaço por aqui.
Quanto a Bateria Os Federais, a expectativa é pela continuidade do trabalho: que continuemos nos divertindo enquanto tocamos, apresentando um trabalho de qualidade e, porque não, orgulhando a Torcida Os Federais, razão central de nossa existência.
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