Saaalve galera, estamos aqui novamente para mais um papo sobre a dinâmica Esportistas X Universidade, com o objetivo de mostrar como é ou foi a vida acadêmica de atletas, suas relações com os treinamentos e como isso pode influenciar nos seus desempenhos.
Hoje nosso papo é com o Ricardo Schueroff, o Schueroff é natural de Rio Fortuna em Santa Catarina, tem 31 anos e hoje atua pelo APAN Blumenau, já foi convocado para seleção brasileira militar e para seleção brasileira Infanto-Juvenil, onde foi campeão do Sul-Americano da categoria.
O (@ricardoschueroff) além da vida de atleta, também teve vida acadêmica e cursou graduação em Engenharia Civil e pode hoje nos contar um pouco das suas opiniões sobre esses assuntos, se liguem aí no que ele nos disse.
O que o esporte significa para você?
Resposta: “Amor, disciplina, oportunidades, desenvolvimento pessoal e aprendizado.”
E quando percebeu que podia alcançar um nível profissional?
Resposta: “Quando no meu segundo ano treinando na categoria de base fui convocado para Seleção Catarinense, e logo após Seleção Brasileira Infanto.”
Como é/era a sua rotina de treinos e cuidados com a saúde?
Resposta: “Na Base os treinos eram feitos pela manhã, técnico e físico 3 vezes por semana. Após essa fase, treinamentos diários: dois períodos de manhã e à tarde, manhã bola sem salto (passe e defesa) e físico já a tarde bola volume treino tático.”
Qual é a melhor parte de ser um atleta profissional?
Resposta: “Reconhecimento, sensação de prazer, diversão, convívio no dia a dia com os companheiros.”
Você já participou de várias competições importantes. Qual é seu truque para “acalmar os nervos” antes de competir? Tem algum ritual?
Resposta: “Respiração, fecho os olhos e imagino tudo que pode acontecer na partida e o que posso fazer em cada situação, pensamentos positivos, estudar muito o adversário.”
Quem são seus ídolos (dentro ou fora do esporte)? Por quê?
Resposta: “No esporte Giba, me marcou muito no início da carreira quando assistia olimpíadas, campeonatos mundiais. Fora do esporte meu Pai, pelo exemplo que me dá todos os dias como ser humano, como pai.”
Como você torna a prática divertida para seus colegas de equipe?
Resposta: “Tendo um bom relacionamento e respeito no dia a dia, a alegria de estar ao lado sempre prevalece.”
Como o esporte faz de você uma pessoa melhor?
Resposta: “Os constantes resultados refletem as atitudes de todos no grupo. Aprende muito quando perde, quando ganha. Estar em constante mudança a todo tempo.”
Como você planejava atingir seus objetivos como atleta?
Resposta: “No dia a dia, com disciplina. Na alimentação, nos treinamentos, nos estudos e relacionamento.”
Existe algo sobre a vida esportiva em que você odeia?
Resposta: “A distância da família, abrir mão de muitas datas comemorativas e momentos com a família, para estar se dedicando ao esporte ou jogando.”
Você acha que a timidez pode ser um fator de barreira no desenvolvimento de atletas? Por que?
Resposta: “A comunicação em um esporte coletivo é muito importante e faz diferença, mas cada pessoa tem o seu jeito de reagir a qualquer situação. A timidez vai sendo deixada de lado a partir do momento que se tem confiança e foco no objetivo.”
RELAÇÃO COM UNIVERSIDADE
Como você acha que deveria ser a relação Universidade com a formação final do atleta?
Resposta: “A Universidade deve sempre estar preocupada em formar bons profissionais e cidadãos em primeiro lugar.”
Quais foram e/ou quais são suas maiores dificuldades para se manter treinando?
Resposta: “Questões Financeiras, alimentação, abrir mão de bons momentos.”
Hoje a relação Universidade/Esporte é muito por causa das bolsas oferecidas, como forma de pagamento aos atletas que não chegam ao destaque logo de cara? Isso é benéfico para esporte e sociedade?
Resposta: “Acredito que sim, importante para a sociedade formar bons cidadãos sempre seja pelo esporte, universidade ou pela vida. No caso do atleta, sabemos que a carreira é muito curta, muitos não têm oportunidade de se tornar profissionais, e uma grande parte dos profissionais joga pelo amor ao esporte, ao final do ciclo de um atleta formação pode fazer muita diferença na transição de carreira.”
Quem não é atleta de rendimento, hoje consegue se manter minimamente em atividade na universidade através das atléticas, que apesar de ter nome envolvido com festas também, tem foco em levar esporte para mais universitários. Você vê alguma forma de quem viveu do esporte agregar nisso mesmo sem ser competindo?
Resposta: “Pode ter outra função como gestor, atuar na captação de recursos, de atletas, ser treinador.”
Nos esportes americanos, temos competições universitárias como principais reveladores de talentos para os clubes de elite. Essa relação não temos, pois praticamente não temos esporte na universidade a não ser em parcerias com clubes ou prefeituras. Você acha que isso não ocorre por falta de interesse, de incentivo governamental, de incentivo de verba privada com patrocínios, por exemplo? E porque disso.
Resposta: “Na verdade não consigo entender também o porquê é tão difícil a educação e esporte andar juntos como em outros países. Se houvesse alguma regulamentação para que o atleta antes de subir para o profissional, precisaria passar por uma liga universitária pode ser que as coisas mudam. Mas precisaria de um incentivo financeiro maior para o atleta universitário.”
Manter o alto nível de rendimento nos esportes e boas notas na escola ou faculdade foi uma dificuldade?
Resposta: “Para mim acredito que não, porque quanto mais eu me dedicasse aos estudos mais tempo teria para treinar e ficar mais tranquilo dentro de quadra. É uma questão de pensamento de cada um.”
O que o esporte agregou em você para ser um aluno melhor? O que estudar agregou para ser um atleta melhor?
Resposta: “Esporte me ensinou que com disciplina eu alcanço meus resultados, então levei isso para os estudos. Os estudos me ajudam a entender como as coisas funcionam, me ensina a questionar, a pensar diferença, a buscar soluções. E me ajuda nos momentos mais difíceis dentro de quadra, achar uma solução rápida para cada situação.”
De efeito imediato, você acha que podem se fechar oportunidades nas universidades através do esporte por causa da pandemia? É possível considerar essa relação?
Resposta: “Alguns Clubes já estão liberando alguns atletas por não haver um calendário de competições, uma das fontes de rendimento do clube é a torcida que já não pode mais comparecer aos jogos. Para ser sincero acredito que pode afetar a relação entre universidade e esporte também.”
O investimento que falta é em quantidade ou em qualidade? Já que em diversos esportes costuma aparecer algum atleta de destaque internacional, mas tirando esportes coletivos a maioria não consegue se manter ou deixar um legado de gerações futuras?
Resposta: “Acho que falta o atleta conseguir colocar a cabeça só nos treinamentos e competições, sem se preocupar se vai ter equipamento para treinar, se vai ter salário na conta, se vai conseguir viajar para competições sem ter que fazer vaquinha, pedir para os pais, amigos, se vai conseguir ter uma alimentação boa. Sempre falta em algum sentido para todos os esportes.”
O JUBs, jogos Universitários Brasileiros, hoje é uma grande competição que abrange praticamente todas modalidades. Esse tipo de competição costuma ter bom resultado, porém é uma competição de tiro curto, geralmente disputada em uma semana. Qual seria o ganho na sua opinião se fosse competição com diversas etapas e com prazo maior durante ano?
Resposta: “O atleta teria um desempenho melhor, tempo para descanso, preparação. As competições ficariam mais atrativas, dificilmente o público consegue acompanhar essa quantidade de jogos e modalidades em uma semana, sem público o atleta não se destaca. Teria que ser melhor distribuído o calendário.”