Resenha Universitária com Pedro Bianchini

Olaaa turma do Integraê, como vocês já sabem nós estamos numa série de entrevistas sobre a relação UNIVERSIDADE X ESPORTE em busca de mostrar a visão dos atletas de rendimento e como é ou foi sua passagem pela universidade, vendo como os demais alunos tem coisas em comum.

Hoje nosso papo é com Pedro Henrique Bianchini, que tem 24 anos, é natural de Concordia e é atleta da Associação Carlos Barbosa de Futsal, a multicampeã brasileira ACBF. Na temporada 2020 foi indicado entre os três melhores goleiros da Liga Nacional.

Pedro (@pedrohbianchini) é engenheiro agrônomo de formação, cursou em meio aos treinos e jogos e hoje nos conta um pouco sobre sua vida esportiva e acadêmica, segue aí:

VIDA DE ATLETA

O que o esporte significa para você?

Resposta: “Posso dizer com certeza que o esporte mudou e muda minha vida até hoje. Desde pequeno sempre gostei muito da prática esportiva, agradeço muito minha família que me incentivou. Para mim é um formador de caráter que ensina responsabilidades, disciplina, companheirismo e te dá um espírito competitivo, te deixando mais forte para lidar com a vida.“

E quando percebeu que podia alcançar um nível profissional?

Resposta: “Sempre tive como ensinamento muita dedicação. Acredito que não teve um momento X que percebi, acredito muito que a ‘sorte’ vem para quem está preparado para ela.”

Como é/era a sua rotina de treinos e cuidados com a saúde?

Resposta: “Gosto de ter uma alimentação regrada. Evito ‘besteiras’ durante a semana, principalmente em dias pré-jogo. Tomo meus suplementos que junto com o sono auxiliam muito na recuperação.“

Qual é a melhor parte de ser um atleta profissional?

Resposta: “É a realização de um sonho. Você perceber que acorda todos os dias feliz por poder trabalhar no que gosta é gratificante demais, mostra que tudo que foi trabalhado antes valeu a pena.“

Você já participou de várias competições importantes. Qual é seu truque para “acalmar os nervos” antes de competir? Tem algum ritual?

Resposta: “Cada atleta tem um pré-jogo diferente. O que me tranquiliza é sempre falar com minha família, escutar minhas músicas e ter um momento só meu.”

Quem são seus ídolos (dentro ou fora do esporte)? Por quê?

Resposta: “Fora de quadra é minha vó, que carregou a família inteira sozinha nas costas. É minha inspiração! Dentro de quadra tenho muita admiração por vários goleiros. Quando comecei a acompanhar o futsal, assistia muito o goleiro Tiago e Guitta, que até hoje são referência para mim. Quando subi para o adulto, tive o privilégio de ter como companheiro de equipe o goleiro João Neto, que me auxiliou muito e tenho um carinho enorme por ele. Acredito que se não tivesse tido esse contato, talvez não estaria aqui hoje, então também é uma referência para mim.“

Como você torna a prática divertida para seus colegas de equipe?

Resposta: “Nosso dia a dia é de treinamentos puxados, pressão por resultados e desempenhos, aquela ‘resenha’ na hora certa ajuda muito no ambiente do time.”

Como você se recupera após uma perda?

Resposta: “Treinando mais ainda, consertando os detalhes para a próxima partida.“

Como o esporte faz de você uma pessoa melhor?

Resposta: “Ele é um professor e me ensina todos os dias coisas novas, principalmente na parte de controle emocional.“

Como você planejava atingir seus objetivos como atleta?

Resposta: “Acredito que o segredo é ter fé, trabalhar muito e ter constância nisso.“

Existe algo sobre a vida esportiva em que você odeia?

Resposta: “O que é mais dolorido para mim, é ficar longe da família.“

Você acha que a timidez pode ser um fator de barreira no desenvolvimento de atletas? Por que?

Resposta: “Não acredito que seja uma barreira definitiva, mas saber se impor, principalmente no futsal é algo que irá auxiliar muito.“

RELAÇÃO COM UNIVERSIDADE

Quais foram e/ou quais são suas maiores dificuldades para se manter treinando?

Resposta: “Em relação ao esporte e faculdade caminhando juntos, acredito que se você fizer um curso totalmente presencial, que foi o que fiz, vai ser bem desgastante. Mas com foco e dedicação é possível sim conciliar!”

Hoje a relação Universidade/Esporte é muito por causa das bolsas oferecidas, como forma de pagamento aos atletas que não chegam ao destaque logo de cara? Isso é benéfico para esporte e sociedade?

Resposta: “É muito bom ver as universidades caminhando junto com os times. E é muito importante o atleta continuar estudando. Independente da carreira de sucesso, um dia ela acaba e você precisa continuar a vida. E os times dando esse auxílio incentivando o estudo é ótimo.”

Quem não é atleta de rendimento, hoje consegue se manter minimamente em atividade na universidade através das atléticas, que apesar de ter nome envolvido com festas também, tem foco em levar esporte para mais universitários. Você vê alguma forma de quem viveu do esporte agregar nisso mesmo sem ser competindo?

Resposta: “Depende muito dos planos pós carreira que cada atleta faz e do projeto apresentado para o mesmo.”

Nos esportes americanos, temos competições universitárias como principais reveladores de talentos para os clubes de elite. Essa relação não temos, pois praticamente não temos esporte na universidade a não ser em parcerias com clubes ou prefeituras. Você acha que isso não ocorre por falta de interesse, de incentivo governamental, de incentivo de verba privada com patrocínios, por exemplo? E porque disso.

Resposta: “Acredito que a parte cultural influencia muito nisso. Hoje no Brasil em questão de investimentos o futebol tem uma discrepância enorme comparado com outros esportes. Mas diversas modalidades investem nas bases, onde se encontram talentos jovens e que podem ser moldados. Talvez não se invista tanto nos esportes universitários como forma de revelar atletas, pois os mesmos, teoricamente, já estão ‘prontos’. Mas acredito que engrandeceria ainda mais o esporte no Brasil.“

Manter o alto nível de rendimento no esporte e boas notas na escola ou faculdade foi uma dificuldade?

Resposta: “O período da faculdade foi bem desgastante. Foram 5 anos presenciais, com treinos, viagens, campeonatos e muitas faltas. Matéria acumulada e provas sozinhas no final do semestre eram rotina, então exigiu bastante dedicação.”

O que o esporte agregou em você para ser um aluno melhor? O que estudar agregou para ser um atleta melhor?

Resposta: “As duas coisas exigem muita concentração, dedicação e responsabilidade. Ambas se completam!“

De efeito imediato, você acha que podem se fechar oportunidades nas universidades através do esporte por causa da pandemia? É possível considerar essa relação?

Resposta: “Acredito que possa dificultar muito no curto prazo. Pois até o esporte profissional, que sustenta famílias, está tendo uma tremenda dificuldade para trabalhar. Mas no longo prazo as coisas irão voltar ao normal, precisamos nos adaptar.“

Você vê perspectiva de melhora no esporte brasileiro de forma geral?

Resposta: “Tudo depende do investimento que é colocado nele. Não apenas na parte financeira, mas sim, incentivando desde pequenos os atletas. Somente assim as modalidades irão melhorar dentro do nosso País.”

O investimento que falta é em quantidade ou em qualidade? Já que em diversos esportes costuma aparecer algum atleta de destaque internacional, mas tirando esportes coletivos a maioria não consegue se manter ou deixar um legado de gerações futuras?

Resposta: “Acredito que o problema seja na distribuição desse investimento. “Poucos com muito, e muitos com tão pouco.”

O JUBs, jogos Universitários Brasileiros, hoje é uma grande competição que abrange praticamente todas modalidades. Esse tipo de competição costuma ter bom resultado, porém é uma competição de tiro curto, geralmente disputada em uma semana. Qual seria o ganho na sua opinião se fosse competição com diversas etapas e com prazo maior durante ano?

Resposta: “Nunca participei dos Jubs, mas admiro muito esses jogos! Vendo de fora observei que muitos atletas de rendimento participam e se fosse uma competição muito esticada, o calendário de jogos não iria fechar com o do clube. Mas se eu só participasse dos JUBS gostaria que fosse com mais etapas.”

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