Resenha Universitária com Italo Manzine

Alooo galerinha do Integraê, vamos dar o start na 1ª edição da Resenha Universitária com o tema “Esportes e a vida universitária”, que será uma série de entrevistas com atletas e ex-atletas que passaram pela universidade, dando uma visão sobre duas coisas tão importantes para nós: Esportes e a Vida universitária.

Na nossa primeira entrevista, vamos falar com ITALO MANZINE, mineiro de Belo Horizonte, um nadador de 29 anos, que disputou as Olimpíadas do Rio em 2016 com as cores do Brasil. Ítalo passou por grandes clubes do país como o Pinheiros, Minas Tênis Clube, Mackenzie, Ideal Clube e Unisanta e teve conquistas como o título sul-americano em Trujillo no ano de 2018 e campeão Mundial Militar em Samara, além da semifinal olímpica em 2016, foi vice-campeão do Universiade, as olimpíadas universitárias.

Instagram Italo Manzine

A interação com a universidade é grande, Ítalo já cursou a graduação em Administração na UNIP e hoje ele cursa Engenharia de Computação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mostrando que a vida de atleta mesmo que no alto rendimento, é possível ser conciliada com a vida acadêmica. Assim, vamos ver o que ele tem a nos dizer sobre algumas perguntas que fizemos.

O que o esporte significa para você?

Resposta: “O esporte é uma das principais ferramentas de transformação social. Extremamente eficaz em desenvolver soft-skills e boas qualidades que são levadas para a vida toda e em alguns casos pode promover ascensão social.”

E quando percebeu que podia alcançar um nível profissional? 

Resposta: “Na realidade nunca pensei em profissionalizar, tinha como objetivo chegar nas olimpíadas e o profissionalismo veio como consequência.” 

Como é/era a sua rotina de treinos e cuidados com a saúde? 

Resposta: “A rotina de treinos é bem desgastante chegando a dois treinos de água no dia e musculação três vezes na semana. Os cuidados com a saúde não ficam para trás, realizo duas sessões de fisioterapia por semana para prevenir e tratar lesões, acompanhamento psicológico, nutricional e médico para garantir a melhor performance.”

Qual é a melhor parte de ser um atleta profissional? 

Resposta: “A possibilidade de conhecer lugares e pessoas incríveis, estar em alto rendimento te coloca junto de pessoas que buscam resultados parecidos com os seus em diversas áreas e essa troca de experiência é muito enriquecedora.”

Você já participou de várias competições importantes. Qual é seu truque para “acalmar os nervos” antes de competir? Tem algum ritual? 

Resposta: “O acompanhamento psicológico é fundamental nessa questão de controle da ansiedade, técnicas de respiração, contemplar da prova e confiar no processo ajuda muito na hora de uma competição decisiva.”

Quem são seus ídolos (dentro ou fora do esporte)? Por quê? 

Resposta: “Tenho diversas pessoas como inspiração, acredito que cada pessoa tem alguma característica expressiva que pode nos ensinar algo, algumas dessas pessoas são Michael Phelps, César Cielo, Bruno Fratus, Alan Turing, Jorge Paulo Lemann, Scott Volkers entre outros.”

Como você torna a prática divertida para seus colegas de equipe? 

Resposta: “Leveza e bom humor que carrego sempre comigo, mesmo nos momentos mais difíceis e de maior estresse tento me lembrar que as outras pessoas a minha volta não têm nada a ver com o que estou sentindo e não merecem ter que me aguentar resmungando, então guardo esses sentimentos negativos para mim e depois converso com a psicóloga sobre o que estou sentindo.”

Como você se recupera após uma perda? 

Resposta: “Derrotas fazem parte da vida de qualquer pessoa, lidar bem com elas e tentar aprender o máximo com cada momento de dificuldade, é fundamental, entender onde e porque errou, nos torna não apenas um atleta melhor, mas pessoas melhores.”

Como o esporte faz de você uma pessoa melhor? 

Resposta: “Resposta bem parecida com a questão anterior. O esporte é uma boa analogia da vida, onde os resultados tendem a ser muito mais tangíveis, a vitória e a derrota são muito mais viscerais e entendem onde acertamos e erramos para buscarmos nos tornar um atleta melhor é fundamental, buscar melhoria constante como pessoa nos engrandece.” 

Como você planeja atingir seus objetivos como atleta? 

Resposta: “Normalmente coloco metas de longo, médio, e curto prazo, depois crio estratégias de como alcançá-las.”

Existe algo sobre a vida esportiva em que você odeia? 

Resposta: “O alto rendimento é uma coisa fantástica, porém impossível se manter no alto rendimento para sempre.”

Você acha que a timidez pode ser um fator de barreira no desenvolvimento de atletas? Por que?

Resposta: “De forma alguma, existem diversos excelentes atletas com um perfil mais introspectivo.”

Instagram Italo Manzine

RELAÇÃO COM UNIVERSIDADE

Como você acha que deveria ser a relação Universidade com a formação final do atleta? 

Resposta: “Extremamente importante essa relação da universidade com a formação do atleta, pois além de continuar praticando um esporte e se desenvolver como pessoa, a universidade ensina uma vocação que irá ajudar na subsistência da pessoa futuramente.” 

Quais foram e/ou quais são suas maiores dificuldades para se manter treinando? 

Resposta: “A maior dificuldade é a falta de estrutura esportiva que o país tem de forma geral para diversos esportes, poucas cidades possuem piscinas olímpicas, plataformas de salto, pistas de atletismo, ginásio de ginástica olímpica entre outros, e essa escassez de infraestrutura apesar de ser mais evidente no setor público, também é precária e rara na iniciativa privada.”

Hoje a relação Universidade/Esporte é muito por causa das bolsas oferecidas, como forma de pagamento aos atletas que não chegam ao destaque logo de cara. Isso é benéfico para esporte e sociedade? 

Resposta: “A bolsa acadêmica é uma ótima forma de reter bons atletas para a universidade, e tem muito a contribuir com o processo de formação do atleta como pessoa, cidadão e profissional. Como resultado desse tipo de iniciativa a universidade pode formar não apenas bons profissionais, mas também líderes influentes que sabem lidar bem com a adversidade. Alguns países como Estados Unidos, Inglaterra e Austrália seguem esse modelo de incentivo ao esporte universitário.”

Quem não é atleta de rendimento, hoje consegue se manter minimamente em atividade na universidade através das atléticas, que apesar de ter nome envolvido com festas também, tem foco em levar esporte para mais universitários. Você vê alguma forma de quem viveu do esporte agregar nisso mesmo sem ser competindo?

Resposta: “Sim, existem diversas formas que o atleta de alto rendimento pode contribuir para o esporte universitário, como através de palestras, fonte de inspiração, workshops, ou mesmo através de algum vídeo incentivando os universitários a praticamente algum esporte dentro da modalidade, qualquer forma de apoio é válida e fundamental para o desenvolvimento do esporte dentro da universidade.”

Nos esportes americanos, temos competições universitárias como principais reveladores de talentos para os clubes de elite. Essa relação não possuímos, pois praticamente não temos esporte na universidade, a não ser em parcerias com clubes ou prefeituras. Você acha que isso não ocorre por falta de interesse, de incentivo governamental, de incentivo de verba privada com patrocínios, por exemplo? E porque disso.

Resposta: “O esporte universitário ainda engatinha por aqui no Brasil, a maior parte das atléticas não têm 10 anos de existência, é até complicado fazer alguma comparação com o esporte universitário americano que tem quase 150 anos de existência, há ainda um grande caminho a se percorrer, acredito que o esporte universitário será o futuro do esporte no Brasil e ainda a principal modo de formação de atletas do país. Para isso precisaremos de um amadurecimento de mentalidade tanto por parte das atléticas, professores, gestores das universidades e da comunidade em torno desse ecossistema universitário. Patrocínios e incentivos virão com os resultados gerados pelo amadurecimento da mentalidade.”

Manter o alto nível de rendimento nos esportes e boas notas na escola ou faculdade foi uma dificuldade?

Resposta: “Difícil é, mas não impossível. É necessária muita disciplina para poder conciliar as obrigações esportivas com as obrigações acadêmicas. ”

O que o esporte agrega em você para ser um aluno melhor? O que estudar agregou para ser um atleta melhor?

Resposta: “O esporte me ajudou a ter mais disciplina e compromisso com minhas obrigações, e a faculdade me ajudou a ser um atleta mais inteligente, a entender onde estava errando e buscar melhorar de forma mais lógica possível.”

De efeito imediato, você acha que podem se fechar oportunidades nas universidades através do esporte por causa da pandemia? É possível considerar essa relação?

Resposta: “É claro que nesse primeiro momento não é viável realizar treinamentos e encontros presenciais para as mais diversas modalidades que as atléticas apoiam, mas não vejo como algo prejudicial a longo prazo, vejo as atléticas se reinventando e se mantendo presentes nas redes sociais.”

Você vê perspectiva de melhora no esporte brasileiro de forma geral? 

Resposta: “No curto prazo acho que o alto rendimento sentirá bastante o impacto da pandemia, mas no longo prazo com o incentivo do esporte universitário, o esporte no Brasil voltará a ter melhora de forma geral. ”

O investimento que falta é em quantidade ou em qualidade? Já que em diversos esportes costuma aparecer algum atleta de destaque internacional, mas tirando esportes coletivos a maioria não consegue se manter ou deixar um legado de gerações futuras?

Resposta: “Não vejo uma falta de investimento no esporte no Brasil, vejo o investimento sendo feito de forma errada. No Brasil temos uma séria escassez de infraestrutura esportiva, por exemplo, em Belo Horizonte, umas das principais cidades do nosso país não temos uma plataforma de saltos ornamentais, e se não temos estruturas esportivas fica impossível revelar novos talentos. Não é de se espantar que temos uma seleção de futebol e vôlei fortes, pois são os esportes que conseguimos praticar nas escolas, se tivéssemos mais piscinas, pistas de atletismo entre outras estruturas esportivas teríamos mais atletas de destaque internacional, consequentemente mais ídolos e um legado maior.”

O JUBs, jogos Universitários Brasileiros, hoje é uma grande competição que abrange praticamente todas modalidades. Esse tipo de competição costuma ter bom resultado, porém é uma competição de tiro curto, geralmente disputada em uma semana. Qual seria o ganho na sua opinião, se fosse uma competição com diversas etapas e com prazo maior durante ano?

Resposta: “Ajudaria a elevar o nível do esporte universitário brasileiro pois teria mais competição, mas nesse cenário onde o esporte ainda caminha nas universidades é inviável, pois elevaria muito o custo com viagens para competir em escala nacional,  talvez em um primeiro momento seria mais interessante ter mais competições regionais para incentivar essa competitividade com mais frequência.”

E ai galerinha, gostaram? Essa foi a primeira da nossa série de entrevistas da Resenha Universitária, para mostrar como os esportistas podem revelar o outro lado do esporte e da vida universitária. Semana que vem tem mais, se cuidem!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.