E aii galera do Integraê, estamos mais uma vez aqui para falar sobre esse tema que tanto nos une que é esporte e a vida universitária, daremos sequência à nossa série de entrevistas com atletas e ex-atletas sobre a importância do esporte dentro da universidade.
Hoje falamos com Felipe Hernandez, tem 27 anos e é levantador, carioca que hoje mora na região da Cantábria na Espanha, onde defende atualmente o Textil Santanderina. Felipe já foi vice-campeão mundial juvenil, campeão sul-americano juvenil e campeão gaúcho. Já defendeu clubes como Botafogo, Flamengo, Minas, JF Vôlei, Vôlei Canoas, Sporting- POR.
Na vida acadêmica, concluiu a graduação em Administração na universidade Estácio de Sá. Vamos então ver o que ele tem a nos dizer em relação aos temas que perguntamos e consideramos ser de nosso interesse. Diz aí Felipe:
O que o esporte significa para você?
Resposta: “Tudo, meus pais foram jogadores e meus irmãos atletas também, tudo que tenho e sou hoje em dia é fruto do esporte.”
E quando percebeu que podia alcançar um nível profissional?
Resposta: “Ao ser convocado para seleção brasileira de base.”
Como é/era a sua rotina de treinos e cuidados com a saúde?
Resposta: “2-3 treinos diários, muito trabalho de prevenção de lesões, fisioterapia e fortalecimento muscular. Alimentação regrada de acordo com o objetivo.”
Qual é a melhor parte de ser um atleta profissional?
Resposta: “Conhecer novos lugares, novas pessoas e ser remunerado fazendo o que mais ama.”
Você já participou de várias competições importantes. Qual é seu truque para “acalmar os nervos” antes de competir? Tem algum ritual?
Resposta: “Focar na partida e no plano de jogo, saber o que tem que se fazer e estar bem preparado.”
Quem são seus ídolos (dentro ou fora do esporte)? Por quê?
Resposta: “Principalmente o ex-jogador de vôlei de praia, Emanuel. Um exemplo de atleta e pessoa a qual tive o prazer de conviver e treinar.”
Como você torna a prática divertida para seus colegas de equipe?
Resposta: “Sempre motivando, criando desafios e rivalidades boas dentro de quadra.”
Como você se recupera após uma perda?
Resposta: “Analisar o que se pode melhorar e dar mais duro nos treinos seguintes.”
Como o esporte faz de você uma pessoa melhor?
Resposta: “Te faz criar a força da disciplina, saber lidar com as vitórias e derrotas e a respeitar o processo das coisas.”
Como você planejava atingir seus objetivos como atleta?
Resposta: “Sempre deixando metas claras e as formas de alcançá-lo.”
Existe algo sobre a vida esportiva em que você odeia?
Resposta: “Muitas vezes estar longe da família e amigos em datas importantes.”
Você acha que a timidez pode ser um fator de barreira no desenvolvimento de atletas? Por que?
Resposta: “Um pouco sim, você deixa de conhecer novas pessoas e lugares por vergonha e atrapalhar seu desenvolvimento e adaptação.”
RELAÇÃO COM UNIVERSIDADE
Como você acha que deveria ser a relação Universidade com a formação final do atleta?
Resposta: “Semelhante ao o que acontece nos EUA. Estudos e esporte caminhando juntos no desenvolvimento do atleta.”
Hoje a relação Universidade/Esporte é muito por causa das bolsas oferecidas, como forma de pagamento aos atletas que não chegam ao destaque logo de cara? Isso é benéfico para o esporte e sociedade?
Resposta: “Toda forma de auxílio do desenvolvimento do atleta é bem-vinda. A vida de atleta é muito imprevisível e um plano B sempre é necessário.”
Quem não é atleta de rendimento, hoje consegue se manter minimamente em atividade na universidade através das atléticas, que apesar de ter nome envolvido com festas também, tem foco em levar esporte para mais universitários. Você vê alguma forma de quem viveu do esporte agregar nisso mesmo sem ser competindo?
Resposta: “Com certeza, apoiando, incentivando e construindo uma cultura de incentivo ao esporte dentro das universidades.”
Nos esportes americanos, temos competições universitárias como principais reveladores de talentos para os clubes de elite. Essa relação não temos, pois praticamente não temos esporte na universidade a não ser em parcerias com clubes ou prefeituras. Você acha que isso não ocorre por falta de interesse, de incentivo governamental, de incentivo de verba privada com patrocínios, por exemplo? E porque isso.
Resposta: “A diferença está principalmente na cultura esportiva dos dois países, do incentivo ao esporte e a mentalidade de clubes e federações de que o atleta deve ter uma formação fora do esporte. A falta da cultura esportiva universitária leva a que grandes marcas não busquem o esporte universitário como forma de investimento.”
Manter o alto nível de rendimento nos esportes e boas notas na escola ou faculdade foi uma dificuldade?
Resposta: “Em certos momentos sim, mas sempre tive a sorte de contar com professores e centros de ensino privados que incentivaram os estudos durante minha carreira. O que não aconteceu no ensino público ao tentar cursar uma universidade pública.”
O que o esporte agregou em você para ser um aluno melhor? O que estudar agregou para ser um atleta melhor?
Resposta: “Com certeza a disciplina, a mentalidade de dar seu melhor em tudo que faz. O estudo me auxiliou na forma de ver o jogo e analisar coisas que sem a dedicação do estudo não seria capaz.”
De efeito imediato, você acha que podem se fechar oportunidades nas universidades através do esporte por causa da pandemia? É possível considerar essa relação?
Resposta: “Depende da filosofia da universidade, vejo o esporte como forma de auxílio ao combate dos malefícios que o lockdown e a pandemia nos trouxeram.”
Você vê perspectiva de melhora no esporte brasileiro de forma geral?
Resposta: “Ao contrário, cada vez mais se nota a falta de estrutura, organização e investimento no esporte brasileiro.”
O investimento que falta é em quantidade ou em qualidade? Já que em diversos esportes costuma aparecer algum atleta de destaque internacional, mas tirando esportes coletivos a maioria não consegue se manter ou deixar um legado de gerações futuras?
Resposta: “Ambos, falta investir mais e melhor na estrutura do esporte brasileiro, que depende de heróis para manter a visibilidade de seu esporte, a falta de estrutura não ajuda na formação de atletas de alto rendimento.”
O JUBs, jogos Universitários Brasileiros, hoje é uma grande competição que abrange praticamente todas modalidades. Esse tipo de competição costuma ter bom resultado, porém é uma competição de tiro curto, geralmente disputada em uma semana. Qual seria o ganho na sua opinião se fosse competição com diversas etapas e com prazo maior durante ano?
Resposta: “Maior visibilidade e atratividade para investidores de forma geral. Demandaria melhor estrutura e organização de planejamento para profissionalização do esporte universitário como um todo.”