“[…] Eu era só um no meio da multidão e mesmo assim ela me escolheu. Desesperado, apaixonado, me declaro pra ela. Eu sou aquele que canta por você, eu sou aquele que joga por você, eu sou aquele que torce por você. E eu canto rouco, eu jogo com dor no corpo, eu torço em dobro. […] Eu me enxergo no meio daqueles que são eu mesmo, eu não estou sozinho na multidão, eu sou vários, mais que mil. Hoje, eu e minha paixão somos um só. E somos os treinos de madrugada, o sono da manhã seguinte, somos o grito rouco da arquibancada e os loucos da cervejada.” Atlética Cásper, JUCA 2014.
Se você faz parte de uma atlética, você sabe exatamente o que “fazer parte” significa, mas você já conseguiu explicar para alguém esse sentimento? Nesse texto, tentarei colocar em palavras um pouquinho da minha experiência dentro desse mundo, algumas lembranças marcantes e também duas histórias sensacionais sobre o que é fazer parte de uma atlética.
Antes de entrar na faculdade, quando eu ia na Arena da Baixada, nos jogos do Athlético Paranaense, eu via a torcida organizada cantando numa única voz o jogo inteiro e achava lindo, mas aquele sentimento ainda não fazia parte de mim. Eu só fui vivenciar esse amor na universidade.
Mesmo nos primeiros meses de UEPG, eu ainda não entendia muito bem o amor das pessoas pela atlética (ainda não tinha ido pra nenhum jogos nessa época), mas em setembro desse meu primeiro ano, eu entrei para a diretoria da Los Bravos, sabendo o significado de atlética só na teoria e tentando entender todo aquele amor que a galera tinha. Foi só quando participei do JOIA que eu senti, e é um amor inexplicável. Só quem viveu sabe.
Dentre os meus anos como diretoria da atlética, vivi momentos ímpares. Chorei, sorri, perdi a voz inúmeras vezes. Briguei, entrei na quadra, perdi horas de sono. Mas quando eu olho pra trás, vejo que tudo isso valeu a pena. A atlética me trouxe os meus melhores amigos, me proporcionou momentos incríveis e experiências memoráveis e me ensinou coisas que nenhum outro lugar ensinaria. Uma atlética é um time. O time muda, o time erra, o time acertar, o time ganha e o time perde também, mas, apesar de tudo, seu maior patrimônio é a sua história. Não há nada melhor do que olhar para trás e ver que, passadas todas as preocupações, feito todos os trabalhos, resta apenas o orgulho de ter feito parte.
“Ver a torcida vibrando com a gente, parecia que eles estavam jogando conosco, o pessoal do time comemorando, os abraços, os gritos… tudo valeu a pena!”
Ser de atlética é ser atleta, torcida, bateria, cheers e diretoria – cada um tem o seu papel essencial. Quando um atleta é campeão, ele vê que todos aqueles treinos de madrugada, os jogos cansativos e as dores valeram a pena. Em 2019, a Atlética de Direito UEPG foi campeã do Basquete Masculino do Jogos Jurídicos Paranaense. “A sensação de ser campeão do basquete foi, sem sombra de dúvidas, uma das mais legais que eu já vivi. A gente bateu na trave um ano antes e fomos para Cascavel muito focados, treinamos muito e nos esforçamos demais em todos os jogos.”, conta Vinicius Stricker, jogador de basquete e ex-presidente da Atlética de Direito UEPG. O time segue sendo, desde então, a campeã do basquete no JJPR. “Ver a torcida vibrando com a gente, parecia que eles estavam jogando conosco, o pessoal do time comemorando, os abraços, os gritos… tudo valeu a pena! Vou lembrar de cada detalhe e de quem estava lá comigo!”
“Ganhamos num ano que coroou o nosso treinamento. Os jogadores viram que dava certo e compraram a ideia”
Em 2016, no meu primeiro JOIA PG, todos os jogos foram sensacionais, mas teve um em especial que foi espetacular: a final do futsal masculino. Domingo, último dia de jogos, nós já tínhamos perdido o título por causa de punições, mas isso não impediu em nada a torcida de comparecer em peso no ginásio. E quando digo em peso, lê-se pessoas grudadas e praticamente transbordando da arquibancada.
“Mesmo com o título perdido, a gente vinha de pelo menos 6 meses treinando toda semana, vinha de um time que não treinava e que era comandado por um jogador. Quando peguei esse time pra treinar, os jogadores compraram a ideia. Todo mundo treinou um monte e a hora de mostrar o resultado foi no JOIA.” Conta Guilherme Berti, ex- presidente da Los Bravos UEPG e ex técnico do Futsal Masculino. O futsal, em 2016, começou o jogo ganhando de 3×1, segundo jogo ganhou nos pênaltis, semi 4×2 e final 2×0, com um dos gols mais improváveis que já vi: o goleiro dando um balão na bola e acertando o gol adversário. A torcida foi à loucura.
“Ganhamos num ano que coroou o nosso treinamento. Os jogadores viram que dava certo e compraram a ideia. Foi aí que a gente comandou o time de 2017 e 2018, sendo campeões no Futebol de Campo em 2017 e campeões no Futsal em 2018, ganhando nos pênaltis.” Que cada papel é crucial, disso todos concordamos, mas o fato de ajudar o seu time a ganhar, não só jogando, mas organizando e sendo técnico, é um sentimento sem igual.
Sabe quando se é louco de paixão? É isso que significa pertencer a uma atlética. É lindo demais ver a arquibancada lotada com aquele tanto de gente louca e cheia de tinta gritando, vestido as mesmas cores, torcendo e vibrando a cada gol. É lindo ver a torcida animando os atletas, perdendo ou ganhando, e ficando rouca de tanto cantar. Ser e pertencer é um sentimento indescritível, difícil de nomear. Afinal, amor nunca foi fácil de explicar.