O drama do deadline no marketing (ou “financeiro, me dá um dinheiro aí”)

O relógio marca 17 horas. Em três horas você e sua equipe tem planejado o lançamento oficial do produto destaque do seu kit para os Jogos Universitários, aquele produto que vai fazer os indecisos abrirem a carteira enquanto bradam “CALA A BOCA E TOMA MEU DINHEIRO”, aquele produto que o atleta da sua maior rival vai pedir pro amigo dele da sua Atlética comprar escondido pra ele, aquele produto que vocês divulgaram no boca a boca e tá todo mundo esperando ansioso.

Seu celular vibra, chegou o tão aguardado e-mail final do fornecedor (porque marketing é isso aí bebê, a resposta chega em cima da hora mesmo), depois de três layouts reprovados: “Desculpa, não conseguiremos fazer o produto dessa forma, pode ser nesse modelo?”.

            Você manda aquele ZIPE ZÓPERSON pra sua equipe falando: “pode ser que tenha dado um probleminha, gente”. Mas primeiro, apresentemos a sua equipe:

  • você, pequeno diretor engajado – mas não muito fã da tecnologia e que ficou feliz porque conseguiu compartilhar uma pasta no Drive SO-ZI-NHO;
  • sua gerente de parcerias que cuida praticamente de tudo relacionado às tretas envolvendo a grana pros seus ambiciosos projetos (que envolvem a compra de uma Kombi Branca 84 pra sua Atlética) e, por consequência, fica o dia inteiro implorando grana pro Financeiro pra poder fazer aquela caneca colorida estilizada e com glitter ao invés da mesma caneca de metal de sempre;
  • e por último seu gerente responsável pela criação gráfica dos produtos/artes, o tipo de cara que você não vê direito nas aulas porque tá sempre enrolado com alguma arte ou jogando vídeo game, e que gosta de mandar áudios no grupo do Marketing no Led Zappelin às 3 horas da manhã falando “eae moçada, se liga nessa ideia de produto que da hora”; vamos chamar esse gerente em particular de rapaz do Photoshop.

Equipe apresentada, a sua gerente preocupada já entra em contato com todos os números do fornecedor, da empresa, da esposa dele e da amiga da filha mais velha; ele, pacientemente se controlando pra não ofender a pobre guria explica que não tem como mesmo fazer o tal produto.

            O rapaz do Photoshop manda um áudio de três minutos criticando a péssima escolha de empresas, falando que na empresa rival (e quatro vezes mais cara) tudo já estaria pronto e se recusando terminantemente a lançar um produto de qualidade inferior. E aí entra seu/sua presidente, já com a moral em frangalhos, put* da cara pensando em como vocês conseguiram “deixar tudo pra última hora”.

            Parabéns, se vocês não se conheciam antes, você acaba de conhecer o deadline, vulgarmente conhecido como prazo final, ou ainda “é agora ou nunca”. Ele também se apresenta em outras situações, tipo quando sua diretoria de esportes pede pra você soltar o tabelamento dos amistosos da semana com uma hora de antecedência ao prazo solicitado e você nem sabia que iriam rolar amistosos porque eles fecharam isso dez minutos antes de te pedirem; e ainda em várias outras situações, normalmente seguidas da frase “mas é só fazer uma arte aí pô, qual o trabalho?” (a frase preferida de 9 entre 10 rapazes do Photoshop). Vamos abordar hoje, especificamente, o que fazer quando o deadline se relaciona à criação e demonstração gráfica da arte do produto em três níveis diferentes:

  1. Primeiramente, o caso supramencionado: o fornecedor falou que não consegue te atender logo quando você ia lançar o produto, e agora você não tem o que lançar a não ser um esboço feito pelo rapaz do Photoshop (vou patentear esse termo) que definitivamente não é uma arte final. Você tem duas opções: pede sua gerente louca dos patrocínios pra se humilhar pro financeiro e conseguir verba pra fazer na empresa que você sabe que vai rolar do jeitinho que você quer; ou, o mais fácil, cancela a apresentação do produto e lança o famigerado “aguarde”. Fala sério, criar suspense e clima pra apresentar produto existe desde que um cara barbudo virou pro outro e grunhiu “eaê mano, se liga, tô com um rolê pra te mostrar que vai te deixar de cara, AGUARDE” e PEI, OLHA A RODA INVENTADA AÍ. Nesse tempo entre o “aguarde” e o lançamento final, se reinvente: melhor lançar um produto simples e bem feito do que inventar e sair uma bela merda porcaria.
Camisa feita em vinte minutos: deadline feelings

2. O produto chegou lindão antes de ser anunciado (fato tão raro quanto todos os atletas do seu time sóbrios durante um jogo nos seus Jogos Universitários), mas sua arte pra ele está horrível e as fotos dele estão ficando ruins; aqui a dica é uma só: DÁ SEUS PULOS USANDO GENTE COMO A GENTE (ou como teu público, no caso). Pega uma galera massa da tua Atlética, faz essa galera segurar/usar o produto e tira a foto num lugar iluminado usando qualquer coisa que não seja uma batata como câmera. Pronto, você divulgou seu produto, deu uma moral pra gente da tua Atlética e ainda conseguiu umas fotos bonitonas.

Tirante: quer produto mais difícil de divulgar sem tirar foto? (OBS: que tirantezão da porra)

3. O seu rapaz do Photoshop TM não tem ideia de que produto criar, tudo o que ele faz parece inspirado nas roupas do Maurílio do Choque de Cultura; suas tentativas de instalar o Photoshop pra ajudar resultaram na instalação de três vírus diferentes com a adição do Baidu, que agora vai permanecer no seu computador até você se formar Baidu eterno. Sua gerente de patrocínios fez um esboço a mão de uma camisa que parece muito uma camisola que você tem certeza que sua vó te deu de presente. O que fazer? APELA PRO TEU PÚBLICO! É hora de lançar mão do clássico concurso-faça-parte-da-nossa-história valendo o próprio produto desenhado pela pessoa. Estimule a competitividade com provocações (gostamos) às turmas: a união faz a força, mas a vontade de mostrar pros seus veteranos que a camisa que eles tão usando saiu da tua mente faz muito mais. Vai aparecer muito produto zoado, mas no meio deles algum vai ter um destaque bacana, e o mais importante é que seu público vai interagir com sua atlética e demonstrar interesse, né? Talvez entre eles estejam futuros membros da sua diretoria ou das suas equipes, e essa competição saudável seja o que faltava pra angariar mais membros apaixonados pra sua turma!

Reprodução: Unesp Araraquara

E aí, mesmo de fora do marketing, se identificou com alguém da sua diretoria? Percebeu que a vida do pobre diretor/gerente de marketing é mais do que fazer uma artezinha só de última hora? É, a gente sofre, mas sofre feliz: não existe sensação melhor do que chegar em um evento e ver toda sua galera usando uma blusa que você desenhou, ou compartilhando uma arte que você fez, ou ainda usufruindo do desconto que você conseguiu depois de intimidar convencer o dono do estabelecimento que 5% não é um desconto aceitável pra MELHOR atlética da faculdade.

E gente, só lembrando: se vocês não gostarem de um produto/arte, não fale mal da galera por trás. Quem é do marketing tá sempre disposto a lidar com críticas, aprendemos muito mais quando apontam nossos erros do que quando se calam e falam por trás. Porque não adianta nada fazer o produto mais lindo do mundo se você não tiver identificação com a instituição, né? ?

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