Ir para facul direto do ensino médio ou “dar um tempo”?

A transição do ensino médio para a faculdade é a passagem mais importante e marcante que um aluno pode vivenciar. A dúvida em relação a escolha do curso somada com a pressão de pais, amigos e professores, pode trazer uma certa melancolia a este momento. Outros incidentes que podem acontecer durante esse tempo são a desistência ainda que precoce de uma graduação e a reprovação em vestibulares, ENEM, etc. Estas experiências podem caracterizar dois tipos de alunos em uma faculdade: os que saem do ensino médio já iniciando uma graduação e os que entram na faculdade depois de um certo tempo. Já parou pra pensar sobre os pontos positivos e negativos que envolvem essas experiências?

É muito comum a prática de entrar numa faculdade assim que termina o ensino médio. A euforia de participar do meio universitário é um sentimento que habita a maioria dos alunos nos últimos anos da escola. O perfil de aluno que entra cedo na graduação é socialmente visto como sucesso, mas muitos fatores podem influenciar de maneira negativa sob tal escolha, como por exemplo, a maturidade.

Segundo Andressa Queiroz e Maria Augusta, acadêmicas do curso de química da UFGD, a questão da maturidade é o ponto crucial na decisão de entrar cedo na graduação. “Tivemos que aprender a nos virar, criar responsabilidade, dar valor na família que ficou distante […] entrar na faculdade cedo foi um choque, uma nova realidade que não estamos esperando, porém isso pode ter nos ajudado a criar uma maturidade que não tínhamos até então”.

A mudança na realidade muitas vezes é um mal necessário que pode ser um divisor de águas na vida de um indivíduo, pois é nessa hora que a grande maioria inicia a transição para a vida adulta, porém, nem todas as pessoas suportam essa fase e isso pode gerar muitos problemas, como por exemplo a desistência precoce da faculdade.

Outra experiencia que se identifica em grande número na universidade é a de pessoas que entram na graduação depois de um certo tempo. A iniciação no mercado de trabalho, a indecisão em relação ao curso e a reprovação em vestibulares são os principais fatores que influenciam este tipo de acadêmico. O pré-julgamento sob tais estudantes visto na sociedade a fora, muitas vezes é manifestado dentro de casa. A pressão dos pais, amigos e professores para que o jovem entre logo na faculdade fortalece a indecisão que é imensa nesse período.

Para Gabriela Cadamuro, ex-editora-chefe do Portal Integraê, a decisão de esperar um certo tempo para ingressar na universidade foi uma escolha muito importante para sua experiência acadêmica e profissional. “Eu sai do ensino médio querendo fazer design de interiores, mas por uma serie de motivos fui transferida para arquitetura e urbanismo. Pra quê! Em uma semana eu tava pedindo socorro e sumindo da faculdade. Foi aí que começou a pressão por parte dos meus pais; meu pai queria direito, minha mãe administração. Fiz cursinho e prestei o vestibular depois de um tempo. Não passei, tenho certeza que a falta de vontade pra fazer estes cursos me influenciou. Depois disso fiquei parada por um ano e foi nesse tempo que percebi que minha paixão pela escrita só precisava de um empurrão, aí decidi fazer jornalismo. Hoje sou formada e conquistei tudo que tenho graças a minha profissão. Acredito que esse tempo em que fiquei parada pensando na minha vida foi fundamental na minha caminhada”.

O tempo de espera pode ajudar muitas vezes a amadurecer algumas ideias sobre nossa vida acadêmica e profissional. Com este tempo livre pode-se traçar planos, conhecer cursos novos, universidades diferentes e diversas oportunidades de emprego. Isso cria um novo olhar para o acadêmico, um olhar de futuro, de foco, que muitas vezes é ausente no período de graduação.

Realmente, vida não pode ser como uma reação química receita de bolo que possui passos exatos para chegar ao final, assim funciona também nossa graduação, cheia de variáveis que buscam sempre um resultado em comum: o sucesso. Para este, pouco importa sua idade ao          ingressar na universidade, mas sim as atitudes e decisões que você toma durante a mesma. Entrar cedo ou entrar tarde possuem perspectivas e realidades diferentes que devem ser aproveitadas ao máximo durante seu processo de formação.

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