Guardar dinheiro e planejar as coisas com antecedência não faz, infelizmente, parte da cultura brasileira. No que se refere a formatura na faculdade, existe uma diferença de pensamentos entre os estudantes, o que faz com que a cultura do ”deixar pra última hora”, seja, em alguns casos, inexistente. Fomos pedir ajuda aos universitários para saber: Afinal de contas, os universitários estão pensando na formatura?
A universitária Luciana Ramos, de 23 anos, estuda Odontologia e está no segundo semestre, ela disse que não prioriza a formatura e que até acha legal, mas nem guarda dinheiro para o evento. Já uma estudante de enfermagem da Unifesp, Marcella Barbi, disse que vai pensar em guardar dinheiro só no ano que vem e que é legal pensar na formatura, porém, ressalta que a festa não é essencial e diz priorizar mais a conquista. Marcella estuda numa universidade pública, já Luciana numa universidade privada, e o pensamento é, relativamente, o mesmo.
Buscamos mais alunos para ilustrar a pergunta. No segundo semestre de jornalismo, por uma universidade privada e com, apenas, 30% de desconto, o ”foca” (como são chamados estudantes do curso em questão), Nei Fagundes, 38, diz não pensar em guardar dinheiro para a formatura. ”Vou pensar na formatura no meu último ano de faculdade; planejo tudo de semestre em semestre. Eu não penso em festa de formatura, mas em pagar o curso.”, disse Nei.
Na mesma sala que Nei, está Nick Scabello, que tem 21 anos. Nick diz que tem o costume de guardar dinheiro, ele diz que é importante pensar na festa de formatura desde já, mesmo estando ainda no início do curso, Nick entende que a festa não é de custo baixo. ”Eu vejo como uma celebração de suma importância na vida universitária, mas entendo que nem todos conseguem ou querem festa.”, relatou o jornalista em formação.
Nick afirma não estar nem perto de ser rico, porém, tem bolsa integral na faculdade, e confessa que provavelmente não guardaria dinheiro se não tivesse a bolsa, e que, inclusive, nem na faculdade estaria.
Essa diferença de pensamentos entre pessoas de classe social parecidas tem uma explicação sociológica. A professora de estudos sociais aposentada, Jaine Lima, diz que a diferenciação de pensamentos está associada a família, educação, religião, comunidade onde está inserido, cultura, caráter (inato), perspectiva de vida e/ou objetivo de vida. Ela foi questionada, em relação a última associação (objetivo), sobre alunos que não têm responsabilidades financeiras, como Nick, e outros que trabalham e não pensam na festa agora, como Luciana, que possuem pensamentos diferentes. Jaine diz que a culpa está na desigualdade social.
Luciana, Marcella, Nei e Nick são apenas quatro estudantes, de três cursos diferentes, de três universidades diferentes, sendo duas privadas e uma pública. A diferença entre eles, ainda que não seja entre alunos ”público x privado” é gritante, no que diz respeito, ao fato de 3/4 serem contra pensar no dinheiro para a formatura agora.
Guardando dinheiro ou não, a cultura do ”deixar para última hora”, conclui-se, com base nas respostas de Nei, se encaixa à ele, em defesa do mesmo, ele pensa muito mais no curso, no planejamento de estudos e a festa, em específico, pode ser pensada no seu tempo de direito, ou seja, quando o assunto se esquentar entre os alunos.