10 de setembro – Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Uma história real!

Oi, prazer!

Meu nome é Luciana Parente. Sou ex diretora financeira da Atlética de Artes e Comunicação Social da PUC Rio, colunista aqui do Integraê desde 2017, tudo bem?

Hoje vou contar um pouquinho da minha história com setembro amarelo, mês de prevenção ao suicídio. Mas já vou avisando se você espera que eu fale que estou aqui pra te ajudar, esquece. Estou aqui para mostrar como podemos ser ajudados. Então vamos lá…

Pra quem não me conhece, vou me descrever… sou loira, 1,80m, magra, padrão modelo, sabe? Quem me conhece nas faculdades acha que eu sou muito inteligente porque eu faço DUAS ao mesmo tempo, escrevo para um portal e ainda arrumei tempo para trabalhar. Quando eu era da atlética, as pessoas ficavam impressionadas com a minha organização e capacidade de não surtar com tanta pressão. Lendo isso, até parece que eu sou foda, né? hahaha

Chega de me enaltecer, se eu estou aqui pra falar da minha história com setembro amarelo, mês de prevenção ao suicídio, não pode ser só essas mil maravilhas.

Tudo começou em 2014, no terceiro ano do ensino médio, quando eu me vi faltando 90 dias úteis de aula e não conseguindo responder um simples “e aí, tudo bem?”. Eu não sabia o que era, eu só não queria existir. Isso depois de esconder por mais de três meses até dos meus pais que eu não estava bem. Afinal, a Luciana precisa mostrar que é perfeita. Naquele ano eu fui diagnosticada com depressão (mas não é isso que eu tenho).

Mesmo com todas as dificuldades, eu passei para estatística na UERJ e jornalismo na PUC. Como eu não sabia o que queria fazer, topei as duas.

LOUCURA!

E junto com as duas faculdades, cobranças, provas, trabalhos… rodava quase 120 km por dia pelo Rio de Janeiro, chegava em casa 23h e 5:40 eu já estava na rua. Não dormia!

Ainda em 2015 eu não aguentei. E por causa de uma dor de cabeça, resolvi tomar muitos remédios e apaguei. Na minha cabeça eu só queria dormir. Eu juro, era só dormir. Mas se minha irmã não tivesse visto, eu não estava escrevendo aqui pra vocês. Em 2015 eu ainda era uma genia de 1,80m que era exemplo de organização e fazia duas faculdades. Era isso que eu mostrava pras pessoas, mas eu caí e ninguém soube ou percebeu.

Essa foi a primeira vez que eu não aguentei. Depois disso, em 2016 eu caí de novo e dessa vez fui diagnosticada como bipolar e borderline. E se eu falo que fui diagnosticada, foi graças a profissionais da saúde que cuidam e me acompanham.

E aqui vai a primeira dica:

PSICÓLOGOS E PSIQUIATRAS SÃO ESSENCIAIS! Por mais que ainda não consigamos falar abertamente sobre isso, esses profissionais são importantes para quem precisa de ajuda. E não adianta nada o nosso amiguinho falar que está aberto para ouvir nossos problemas porque ele não estudou para resolvê-los e às vezes a gente nem consegue pedir ajuda. Eu nunca pedi ajuda. Eu sempre tive que ser perfeita. Mas por dentro eu estava destruída.

Não vou continuar uma história triste, mas sim mostrar a importância que a atlética teve. Eu já tinha desistido da faculdade, eu não queria mais participar de nada. Quando uma menina bateu no meu peito e falou que eu era o futuro da atlética. Ela não sabia o que eu tinha ou sentia, mas ela me mostrou como eu era importante. Eu era importante pra alguém… Eu só jogava, não fazia parte de mais nada. E mesmo assim eu me senti importante. 6 meses depois eu me tornei diretora financeira. Quando eu achava que não tinha importância pra ninguém, a atlética vinha e me mostrava que eu era essencial.

Dica número 2:

VOCÊ PODE FAZER A DIFERENÇA NA VIDA DE QUEM ESTÁ PRECISANDO DE AJUDA! Não é a salvação, mas um “oi, tô sentindo a sua falta” pode fazer a diferença na vida de quem precisa. Por vezes nós achamos que a nossa dor é tão grande que a gente nem vai fazer falta na vida dos outros.

 

Dica número 3:

QUEM TÁ PRECISANDO DE AJUDA NÃO CONSEGUE PEDIR AJUDA! Então ficar na passiva esperando que ele te procure, pode ser tarde demais. Não foi tarde porque minha irmã foi me procurar, não foi tarde porque meus pais correram pro hospital comigo. Não deixe ser tarde pro seu amigo. Fale para ele procurar um médico e apoie ele!

Setembro amarelo chegou e com ele várias campanhas vazias. Vamos conversar sobre o suicídio, vamos conversar sobre a dor que essas pessoas têm a ponto de quererem abandonar a própria vida. Cuidem, mesmo que a distância daquele que você nem sabe se tá mal. Só cuidem uns dos outros.

E se você está pensando em desistir, eu tô falando com você! Você é importante sim pra alguém. Às vezes a gente não acredita nisso, mas é verdade. Procure um psiquiatra, um psicólogo. E se for muito urgente, 188! Salve esse número! É o CVV e eles faz um trabalho incrível para te ajudar.

Eu sou Luciana Parente, sou bipolar e borderliner, tentei me matar duas vezes e hoje estou aqui para mostrar que a gente consegue sim superar até os nossos piores dias. E queria agradecer ao meu pai, minha mãe, minha irmã e o Bifão por não terem desistido da minha vida quando eu desisti!

 

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