Que um dos objetivos de toda Atlética Universitária e de toda Liga de Atléticas é o incentivo à prática esportiva (ou pelo menos deveria ser) todo mundo sabe. Mas há um limite em tal missão?
Antigos desafios:
Primeiramente, é necessário observar que sempre (sempre mesmo!) as AA’s encontrarão obstáculos na sua atuação. Alguns deles já são amplamente conhecidos e diariamente enfrentados, como é o caso da falta de apoio das faculdades às atividades desempenhadas pelas Atléticas, de recursos financeiros, de locais gratuitos para treinamentos, de materiais esportivos, de empresas interessadas em patrocinar ou apoiar as AA’s e até mesmo de pessoal para participar de competições.
Sendo os campeonatos o principal “combustível” dos atletas, com o crescimento das AA’s, faz-se importantíssima a formação de Ligas e a organização de mais competições, o que leva ao surgimento de novos problemas e ao fortalecimento de antigos obstáculos, como os já apresentados acima.
Eventos como o Engenharíadas e o Jogos Jurídicos, apesar de envolverem inúmeras dificuldades em sua produção, considerando o grande número de modalidades, Atléticas e atletas, têm a seu dispor (i) recursos financeiros, (ii) um feriado dedicado exclusivamente às competições e (iii) praças esportivas de uma cidade toda. Ocorre que esta não é a realidade de todos os eventos esportivos.
Novos desafios estão surgindo:
Em competições de menor visibilidade, especialmente naquelas realizadas somente entre Atléticas de uma cidade, os desafios tradicionais enfrentados se agravam. Nos gastos das competições entram os custos de arbitragem, equipes médicas e premiações, por exemplo, e as Ligas em muitos casos não podem contar com patrocinadores e apoiadores. Ainda, a dificuldade de se conseguir praças esportivas gratuitas se eleva, visto que não envolve mais somente algumas horas de treinamento, mas diversos finais de semana de competições. Por fim, tais disputas, em muitos casos, contam somente com as Atléticas envolvidas para sua organização, o que requer extrema dedicação e responsabilidade dos membros das AA’s.
Considerando tais dificuldades, ao receber pedidos de três novas Atléticas para que entrassem no campeonato Curitiba Inter Atléticas (CIA), foi que a Liga das Atléticas da Universidade Federal do Paraná (L.A. – UFPR) acabou entrando em um dilema: “incentivar a prática esportiva, incluindo as atléticas na competição VS “barrar” sua entrada, considerando o aumento das dificuldades de organizar um campeonato que envolvesse mais AA’s?”.
A questão apresentada acima foi discutida em reunião da Comissão Organizadora do CIA e de início surgiram duas propostas, que já são realidade em competições de maior porte: (i) criar uma segunda divisão, de modo a reduzir o número de confrontos ou (ii) testar o nível esportivo das AA’s interessadas. Ocorre que se percebeu que tais soluções não atingiriam o objetivo da Liga de incentivar a prática esportiva, visto que qualidade esportiva e prática esportiva não são sinônimos. Desta forma, decidiu-se pela realização de um evento que testasse não o nível esportivo das Atléticas, mas sim sua capacidade organizacional, base do funcionamento de todo o campeonato.
Parece-me que a decisão da L.A. – UFPR foi acertada e, apesar de não ter decidido quanto à entrada das AA’s na competição até o presente momento, traz à tona novas discussões e desafios para as Atléticas Universitárias na complicada missão de incentivar o esporte.
Há solução?
Por hora, a questão proposta no início desta coluna (“há um limite para o incentivo ao esporte?”) permanece sem resposta, mas talvez possa ser encontrada, justamente, ao se questionar os objetivos principais e secundários da sua Atlética e dos campeonatos e Ligas das quais participe. O fato é que, aparentemente, as dificuldades apresentadas nesta coluna representam um constante paradoxo, visto que surgem pelo crescimento das AA’s, mas também acabam limitando sua evolução, bem como a dos campeonatos por elas organizados e freando os entusiastas do incentivo ao esporte.
