As dificuldades e os esforços para manter uma atlética durante as greves!

~ O QUÊEEEE? A ATLÉTICA ENTROU EM GREVE? Mas por quê? Os atletas não estavam treinando? O campeonato estava muito caro? A festa não foi o sucesso esperado? ~

Calma xuxu, não é assim.

Como todos nós sabemos, o país está passando por uma séria crise econômica e o estado do Rio de Janeiro é um dos que mais está sofrendo com a má gestão. Com pouco dinheiro, o governador fluminense deixou a educação de lado e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) tem sofrido com o descaso e com as greves. Sem aulas, as atléticas precisam se reestruturar para enfrentar um novo cenário. Para entendermos melhor esse funcionamento, conversamos com algumas atléticas da UERJ.

Atlética Galudos da FAF

Conhecida como a universidade das cotas, os alunos falam de sentimento. “A UERJ é minha vida aqui. Eu vivo em função da UERJ e pela UERJ”, desabafa Pedro Paulo que deixou Muriaé – MG para estudar jornalismo na Cidade Maravilhosa e hoje é presidente da Atlética de Comunicação de Artes da UERJ. Sonho, pertencimento, Concha, pai, segurança, casa, são algumas palavras que os alunos usaram para definir a instituição de ensino.  Com tanto carinho envolvido, não tem como falar que isso só aumenta quando o assunto é a atlética. “Ela [a atlética] é meu filho”, conta a fundadora e atual presidente da Atlética Galudos da FAF, Ioli Rocha. Tamanho sentimento fez com que Lívia Araújo, diretora financeira da Associação Atlética Acadêmica Ricardo Lira, não desistisse do curso mesmo com a luta diária da estadual. “Acho que uma das coisas que ainda me prendem no curso de direito é a atlética”, conta a jovem.

Atlética de Comunicação de Artes UERJ

 “Apesar dos momentos difíceis que vivemos desde que entrei, lidar com situações como essas e ver a resistência de cada um dos que aqui estudam só aumentam o meu amor e minha admiração por essa gigante de concreto”, explica Gabriel Soares, presidente da Associação Atlética Acadêmica Ricardo Lira. E é como forma de resistência que as atléticas estão trabalhando. “A atlética nesse momento está sendo capaz de mostrar aos alunos e funcionários que a UERJ vale a pena. Mesmo em greve mantivemos as atividades: treinos toda semana, participamos de campeonatos, organizamos um novo campeonato interno, botamos a mão na massa e reformamos a sala da Atlética e de convivência dos alunos, juntamente com o CA mantivemos as atividades de trote. Tudo isso não funciona tão bem quanto deveria, o esforço para fazer funcionar é surreal, mas entendemos que se desistirmos e pausamos até a UERJ voltar à normalidade, os alunos vão perder o sentimento de pertencimento e vontade de lutar pelo que é deles”, argumenta Cecília Azevedo, presidente da A.A.A. Rosalind Franklin – Atlética de Biologia UERJ.

~ Sem aula a galera compra a ideia? Como que estão funcionando? ~

A.A.A. Ricardo Lira e TOC – Torcida Orgazinada do Congo

No início de 2016 a UERJ teve uma semana de aula e depois ficou seis meses em greve. E para Lucas Bitterncourt, presidente da TOC –  Torcida Organizada do Congo –  os alunos de 16.1 foram fortes. “Eles fizeram do esporte, da atlética, a faculdade deles”. As atléticas e as torcidas precisavam continuar as atividades. E foi assim que fizeram.

~ Como chamar a galera sem encontrar com eles? ~

Foi e ainda é um desafio para todos. “O Hoolliday foi nossa superação, é um evento que começou pequenininho e junto com o nosso gummy acabou nos dando uma identidade visual. Usamos isso para atrair o público”, revela Lucas Lopes, diretor de eventos da Atlética Engenharia UERJ. E as redes sociais se tornaram o jeito mais fácil de falar com o público, já que não tinham o contato diário com os alunos.

Atlética Taurus Economia UERJ 

As quadras não param, é um dos lugares que está sempre cheio, com aula ou sem. Então os treinos continuaram. A dificuldade maior era trazer o aluno só para treinar. Algumas atléticas revelam que isso fez com que o número diminuísse, mas não desistiram. “Os atletas que já fazem parte [dos times], não se incomodam de vir na greve, salvo aqueles que moram muito longe e aí tem o problema de pagar passagem só para vir treinar. Ainda mais sem a bolsa. Só que nosso maior problema são os calouros, já que não conhecem ninguém, então não querem vir pro treino de maluco”, explica João Victor, diretor de esporte da Atlética Taurus Economia UERJ. “A quantidade e qualidade dos treinos, em geral, reflete o sucesso ou o fracasso dos times nas competições”, desabafa Vitória Tinoco, coordenadora geral da Atlética Medicina UERJ (AMU).

As dificuldades são muitas. Mas conversando com o calouro Caio Faria da Associação Atlética Acadêmica Leonardo Hungaro IME-UERJ, ele me questionou “Se a gente desistir, quem vai lutar pela UERJ?”. Segui a entrevista como se nada tivesse acontecido. Mas a pergunta fica até hoje. E termino meu primeiro texto aqui no Integraê lembrando da fala desse menino. Porque são os sentimentos que nos fazem querer estar na atlética, e é pela paixão que esses alunos estão resistindo à falta de bolsas, salários, bandeijão e de aula.

A UERJ RESISTE E AS ATLÉTICAS TAMBÉM!

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